Ondas gravitacionais e o Nobel de Física de 2017

Por Wiler Júnior

Montagem da colisão de dois buracos negros. Fonte: ligo.caltech.edu

Pouco mais de 100 anos atrás, Albert Einstein previu, em sua Teoria da Relatividade Geral, a existência de ondas gravitacionais – perturbações que se propagam pelo espaço-tempo – geradas pela colisão e união de dois buracos negros 30 vezes maiores que o Sol, evento que aconteceu por volta de 1,3 bilhão de anos atrás. Einstein também deixou exposto sua aposta de que nunca seríamos capazes de detectá-las.

No primeiro ponto, o cientista estava certo; mas, nesse último ponto, (ainda bem) o cientista estava errado. O motivo para isso é que, em 24 de setembro de 2015, essas ondas gravitacionais chegaram à Terra com uma intensidade baixa, mas não deixaram de ser detectadas pelo Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser (LIGO), o maior – e mais caro – observatório de ondas gravitacionais do mundo. A descoberta da existência dessas ondas e a importância desse fato tiveram um impacto tão grande na comunidade científica, que rendeu o Prêmio Nobel de Física de 2017 a Rainer Weiss, Barry C. Barish e Kip S. Thorne, líderes do projeto e dos mais de 1000 cientistas de 20 países envolvidos no mesmo.
Vista área do Laboratório de Livingston, parte integrante do LIGO.
Fonte: ligo.org.
Apesar de haver quem não se importa com esse tipo de assunto ou acredita que não tem importância nenhuma, ter conhecimento da existência das ondas gravitacionais e de como elas são causadas é algo extremamente importante, pois permite que essas últimas sejam usadas para observar fenômenos que as outras ondas não permitem.

De maneira resumida, as ondas mecânicas, como o som, não se propagam no vácuo, logo não permitem que escutemos os sons do Universo; as ondas eletromagnéticas, como a luz, propagam-se no vácuo, mas, dependendo da distância de onde elas vêm, é impossível que nossos equipamentos mais sofisticados as captem; já as ondas gravitacionais, por outro lado, propagam-se dobrando as quatro dimensões existentes, dando aos cientistas uma nova ferramenta para observar os fenômenos mais intensos que existem na natureza.

Assim sendo, podemos concluir que a descoberta da existência das ondas gravitacionais apenas abriu uma nova janela para a ciência, promovendo uma nova gama de pesquisas em torno do assunto e estimulando a geração de conhecimento científico e a descoberta de muitos outros fenômenos existentes no Universo em que vivemos.

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